sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

DOMINICAL


                                                                                      
                                                                               Rafael Martins
 

Setembro desfolhou a navalha
por outubro sustentada rente à garganta

Até aqui venho com a alma cansada
de seu corpo a corpo com a vida

Os mortos que nunca partiram
insistem em ficar
sussurram nas sombras
no avesso
da tumultuada primavera

Alguns vivos
ainda que por amor
querem meu sangue
- dissimulado em rosas?
  transmutado em bílis?

Por ora caminhando
sobre o branco inferno convulso de domingo
ao lado de meu cão
que nada me pese mais
do que a violência azul deste céu


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