quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A FÁBULA DO REI CHIBANTE



Edson Luiz da Silveira


Ao trono, um Rei sustém sobre vestes e almofadas de esmeraldas
Um principezinho ainda bebê.
A cena é paternal.
Todos os súditos em silêncio. Até mesmo dom Vlastos, o bobo oficial,
Quedara-se silencioso, rosto livre da facécia, como se ouvisse um chamado.
O Rei, olhar grave, inclinado para o filho, por um momento deixa de
Pensar em armas, tesouros, traições.
O olhar do Rei está mesmo diferente, pleno de ternura nunca vista na corte.
A cena avança minutos.
Mamadeira à mão e ao colo o futuro reizinho, que, qual ave faminta,
Acoplado e protegido nos joelhos da majestade,
Fixa seu olharzinho ávido de bezerro por onde
Os muros da fome. 


Edison Luiz da Silveira é poeta, artista plástico e professor. Mestre pela PUC de São Paulo, atualmente leciona Literatura Portuguesa e Literatura Infanto-juvenil na Faculdade Euclides da Cunha, em São José do Rio Pardo.
Os poemas A Fábula do Rei Chibante e Primeira Lição Filosófica compõem o livro E eu que nem sonhava..., ainda inédito. O Margem Plural tem a honra de apresentá-los em primeira mão e aguarda a data e o local de lançamento da obra para convidar seus leitores.

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