domingo, 30 de janeiro de 2011

POR UMA HISTORIOGRAFIA ATIVA





Maycon Alves



Nossa historiografia, caprichosa em sua narrativa, não soube percorrer nos estreitos e intrincados caminhos que compõem a trama social. Percorreu ela, numa volta rompante, a superfície frágil e insustentável daquilo que damos o nome de história. E, neste seu percurso, não hesitou em amaciar as abóbadas de três ou quatro pares de famílias imprimindo-lhes o que nunca foram: fundadores. 
  
Percebe-se que este discurso ornamental de tradição européia, possibilitou – junto de uma conjuntura econômica, cultural e política – para que houvesse uma manutenção no distanciamento da população frente a sua participação nos desígnios políticos da cidade. Diante desta população de baixo nível econômico, que tirava seu sustento da lavoura, carentes do suporte público em todas as esferas e espoliada pela elite corrupta e calhorda que guiava a vida política da cidade, a aceitação deste discurso vertical, também disseminado pela imprensa local, foi e continua a ser a salvação duma vertente histórica construída e mantida por segmentos da elite nativa.

Assim sendo, penso que a grande contribuição daqueles que pretenderem desenvolver um sério estudo histórico sobre Mococa, devam, além de enxergar a história em sua “totalidade”, também desenvolver uma crítica demolidora às entidades que carregam o codinome de fundadores, no sentido de desorganizar e transpor o enredo monolítico, traiçoeiro e negligente. Traiçoeiro porque muitos já o absorveram, mesmo se dizendo formados na “melhor das  universidades”; e negligente porque sempre foi negligente para com a história “vista de baixo”.


Maycon Alves é historiador

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